Fórum de debates Trilhos do Rio

Peço licença aos colegas para postar esta nota que foi publicada no Diário Oficial da União em 27-09-1906.

Galera ... ontem fui em Vicente de Carvalho , e na fila do banco conversando com um senhor sobre o ramal da Penha , ele me disse que durante a construção do Shopping Carioca foram encontrados trilhos , e que parte deles foram fincados na entrada do Atacadão ( ali ao lado de onde estávamos ) , na saída ele me levou até o local , e olhe o que eu ví :

OBS : PRECISO COMPRAR UMA MÁQUINA FOTOGRÁFICA URGENTE E PARAR DE DEPENDER DO GOOGLE EARTH , POIS NO CAMINHO PARA VICENTE DE CARVALHO ( NO ÔNIBUS 687 ) NA RUA JOSÉ DOS REIS , POUCO ANTES DO CEMITÉRIO VI TRILHOS FINCADOS TAMBÉM ... MAS NÃO TINHA COMO FOTOGRAFAR ...

Uau !

Show de bola, Rodrigo !
Valeu !

Coelho Neto, valeu pela contribuição ! Documento importante ! Legal !
Vou começar a postar informações no fórum "Dados Históricos", inclusive este postado pelo Coelho Neto, começando a montar nossa biblioteca virtual ! Aguardem ...

Toda quinta feira eu passo por alí e nunca reparei esse trilho. Belo registro.

Alí tem muita gente idosa de fato, e muitos deles tem histórias pra contar, mas muitos dos que eu conheci, hoje em dia já fizeram a passagem. Inclusive uma senhora que me viu criança, pois sou nascido e criado ali na Vila Kosmos, está bem idosa e com dificuldade de lembrar das pessoas. Eu saí de lá em 2002, fica difícil encontrar alguém hoje em dia.

Pessoal, como dito em outro tópico, hoje precisei tirar uma documentação no centro da cidade, e coincidentemente, também no prédio anexo da prefeitura, que fica ao lado do ... ARQUIVO GERAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO !

Como eu tinha uns 90 minutos de tempo livre (preciosidade !), decidi passar por lá e dar uma pesquisada, buscando algumas informações que ainda não tínhamos procurado ou visto.
Antes de entrar no prédio, tive o prazer de telefonar e conversar com o Adenilson, pois eu precisava tirar umas dúvidas em relação às consultas no AGCRJ, apesar de eu já ter ido lá antes.
Após suas dicas preciosas, adentrei o "baú do tesouro" (um deles). Infelizmente estava com pressa, e procurei ser o mais suscinto possível nas pesquisas. Abaixo um resumo do que pesquisei e vi. Também encontrei algumas coisas sobre a região da Av.Suburbana, está no tópico da Linha Tronco.

Bem, pedi para ver uma foto, descrita como Fazenda Grande: a foto é interessante, mas não ajudou nas pesquisas, pois mostra apenas a sede desta fazenda, praticamente arruinada. Uma pena !
Foi a unica foto que achei (não pude procurar muito) com algo relacionado à região da Penha e arredores. Sobre Matadouro, nada da região.

Pois bem, antes disso, eu tinha visto a imagem aérea 44, que mostra a Av.Brás de Pina, desde a Estrada Vicente de Carvalho (trecho pequeno) até quase quase quase o Largo da Penha. Abaixo o que assinalei sobre esta imagem:

1-a ferrovia tinha trechos mais nítidos e outros nem tanto. Às vezes apareciam trechos com mato, que deveria ser onde passava os trilhos, e outros mais claros, bem claros, onde os trilhos sumiam devido ao contraste da imagem. E pra completar, exatamente no traçado da Av.Brás de Pina havia um defeito, tipo uma mancha de infiltração caprichosamente seguindo pelo meio da avenida !
2-a ferrovia seguia o tempo todo pelo lado direito, sentido Penha. Às vezes mais afastada, às vezes mais próxima, mas sempre paralela, quase junto.
3-Havia um viaduto, exatamente no "estilo viaduto de Deodoro", logo junto à estação da Penha (EFL). Este viaduto não existe mais, eu nunca havia ouvido falar disso antes !
Cheguei a pensar em se tratar de uma passarela, ma aparentemente havia carros sobre esta estrutura !
4-Não vi indícios de uma ligação entre a EFRdO e a EFL antes do Largo da Penha. Nada de vestígios neste sentido.
5-Não havia ligação entre a EFRdO e a Linha Circular da Penha.
6-Aparecem 3 linhas da EFL neste trecho. Devem ser 4, mas tive a forte impressão de ter visto apenas 3.
7-Há alguns objetos na Av.Brás de Pina que poderiam ser paradas rústicas ! Mas nada conclusivo, pois podem ser veículos, barracas, casebres ... mas sempre junto à Avenida.
Pessoal, vou sair agora (é aniversário da minha esposa), mas na volta descreverei a continuação da imagem aérea, que falava ser de Olaria, mas mostrava a continuação da Penha ! Mais revelações ...

Obs.: pretendo montar um esquema com imagens de satélite e o que vi nas imagens aéreas, mas acho que só conseguirei fazer isso amanhã. Mas vai ficar bem elucidativo, estou com a mente fresca do que vi lá !

Até mais tarde ...

Continuando ... fiquei com "gostinho de quero mais" quando vi que a foto aérea terminava caprichosamente no Largo da Penha, e fiquei super curioso em ver a continuação. Pois bem, a estagiária me trouxe a imagem 45 e ... cadê ? Além de não ser a continuação da imagem 44, ela apenas abrangia uma meia dúzia de ruas do local hoje conhecido como Grotão da Penha ! Absurdo ! Pois o papel da aerofotogrametria era enorme, mas a imagem das ruas ocupava menos de 10cm quadrados ! Fiquei decpecionado, pois, pela seqüência numérica, não havia continuação da imagem.
Pensei que o ramal de Maria Angu e o cruzamento com a EFL fôsse permanecer envolto em mistério, mas quando eu estava pra ir embora, pois já tinha visto todas as imagens que selecionei, me bateu um estalo ! Pedi pra ver novamente o catálogo e pedi uma planta que descrevia ser "Olaria, R.Leopoldina Rego, Rua Uranos ..." etc etc pois bem, nesta imagem (número 54 !) aparece o Largo da Penha no cantinho esquerdo, com muitos outros detalhes, que anotei e transcrevo abaixo:

1-no Largo da Penha não há nada visível de estação, trilhos ou parada. Na verdade, o Largo havia tornado-se um descampado, uma área aberta, maior do que é hoje. Talvez o movimento de romeiros no mês de outubro apenas, mas em grande quantidade, tenha "desmatado" a área. A impressão que me deu é que as mesmas construções antigas do Largo da Penha ainda estão lá hoje em dia !
2-Passando pela estação da Penha (EFL) há um comboio ferroviário com 10 carros ! Lindo flagrante !
3-O lado esquerdo da foto, pela linha da EF do Norte, está um bocado escura, de modo que não dá pra ver se do lado esquerdo em direção à Olaria há algum desvio, que seguiria para o ramal de Maria Angu. Mas a partir da Rua do Couto dá pra ver que ... não há nada de trilhos fora os da EF do Norte.
4-Dá pra ver nitidamente aquela casa que desconfiamos fazer parte da EF do Norte. Aquela casa, mostrada na foto do acidente na Penha. O detalhe é que ... na imagem aérea antiga, ela parece estar em uma distância da linha diferente do que hoje em dia.
5-Os trilhos do ramal de Maria Angu são super nítidos ! Parece recém construído !
6-Junto ao cruzamento da EFL com a EFRdO havia uma PN.
7-A Av.Brás de Pina não acabava na R.José Maurício, ela cruzava a EFL em uma grande PN !
8-O mais intrigante: não vi nenhum sinal de acesso ou desvio para os trens da EFL acessarem o ramal de Maria Angu. Amanhã pretendo ver de novo esta imagem, apesar de olhar bem, fiquei quase vinte minutos vendo tudo nesta imagem, e por isso até me atrasei nos compromissos !
9-O cruzamento entre a ferrovias era assim -/-, exatamente neste ângulo, como hoje em dia, e bem nítido
10-A região do IAPI era um descampado imenso ! Mas imenso mesmo, mato puro ! Não vi nenhum sinal de ramal da EFL saindo por ali, indo para um suposto matadouro que não sei se já funcionava em 1928, data das imagens. Havia sim, algo intrigante: junto aos limites deste mega-terreno, aparecem umas manchas brancas, mas só nos limites. Parece gado, mas porque estão pastando apenas junto aos limites do terreno ? Isso se for gado mesmo ...
11-Nesta imagem ainda aparece a PN da Rua Uranos com a Rua Leopoldina Rêgo, na altura da Rua Filomena Nunes.

Bem, é isso. Quando eu puder, vou montar um esquema baseado em imagens de satélite. Vai ficar bem explicadinho. Amanhã pretendo retornar e procurar mais vestígios deste ramal. O pior é que quando deu um estalo de ver novamente o catálogo, lembrei de procurar algo sobre Engenho do Matto de novo, mas quando a estagiária me trouxe o catálogo, "deu branco" e esqueci !

Uma boa noite a todos !

Dado,


Voce nos deixou com água na boca, todo esse detalhe e munucia.

Acredito que agora que temos acesso aos arquivos da Biblioteca Nacional, muita coisa irá aparecer, é questão de tempo.

Teremos que concentrar a nossa atenção nos detalhes e fotos que lá estão arquivados.

Conversando com um senhor (Rubinho) que era fotógrafo no bairro de Inhaúma, este me disse que a muitos anos passados, ele tinha visto um livro em que retratava várias estações, citou EFRD, EFL, EF Norte, Melhoramentes e etc...

Temos que encontrar esse livro, pois segundo o fotografo, além das fotos, continha mapas e esquemas das ferrovias e ramais.

Acredito que a Biblioteca Nacional, possua algo arquivado sobre o mesmo... seria o que estamos precisando.


Em tempo: Consegui algumas fotos do Ramal da Penha, antes de ser construida a Av. Brasil e em breve postarei.

Dado, sensacional estes seus últimos relatos de achados no ACGRJ! Como eu queria ter tempo para passar um dia inteiro por lá... Mas enquanto não é possível, sigo lendo os seus relatos.

Essa imagem eu tenho enorme curiosidade em ver. Me dá até angústia de não vê-la.

Vou tecer alguns comentários sobre alguns itens. Seguem em Azul.

DadoDJ escreveu: 7-A Av.Brás de Pina não acabava na R.José Maurício, ela cruzava a EFL em uma grande PN !
Eu já havia escrito sobre isso, se não me engano ainda no falecido TGVBR. Na verdade, a Av. Brás de Pina terminava no Largo da Penha. Aquele trecho que hoje faz parte dela e fica entre o Largo e a EFL, na verdade é originalmente o final da Estrada da Penha (por isso o nome, ligava a via de acesso ao interior, a Suburbana, à Penha até o Largo). Quando a EFL cortou-a em vários trechos deu origem às diversas ruas (Democráticos, Cardoso de Moraes, Leopoldina Rego, Uranos, Nicarágua) e seu último trecho foi incorporado a Av. Bras de Pina. E próximo a este ponto, acredito que se iniciava também o Caminho de Maria Angu no sentido do litoral, cujos trechos sobreviventes viriam a ser a atual Cmte Vergueiro da Cruz e ligavam o Largo da Penha à Maria Angu (praia e porto).

10-A região do IAPI era um descampado imenso ! Mas imenso mesmo, mato puro ! Não vi nenhum sinal de ramal da EFL saindo por ali, indo para um suposto matadouro que não sei se já funcionava em 1928, data das imagens. Havia sim, algo intrigante: junto aos limites deste mega-terreno, aparecem umas manchas brancas, mas só nos limites. Parece gado, mas porque estão pastando apenas junto aos limites do terreno ? Isso se for gado mesmo ...
O matadouro já funcionava, o ramal não sei. Ele saía do início da longa curva que a EFL faz entre Olaria e Penha. O terreno do IAPI, acredito que não fosse parte do matadouro, era ainda parte do resquício da fazenda grande, da qual sobrou uma área ainda junto a Av. Brasil. O matadouro era basicamente um grande retângulo entre o litoral e a EFL com os limites sendo o atual Mega Box e IAPI (excluso) e a metade do quarteirão entre a Rua Bariri e a atual Prof Plínio Bastos. Os grupos de gado poderiam ser agrupados por tempo de estadia no matadouro ou por estarem aguardando embarque e/ou desembarque. As instalações prediais do matadouro ficavam junto a Av. Brasil.

11-Nesta imagem ainda aparece a PN da Rua Uranos com a Rua Leopoldina Rêgo, na altura da Rua Filomena Nunes.
Como disse acima, nada mais era do que a continuação da original Estrada da Penha.

Outra coisa. Vc citou um viaduto na área da Estação Penha da EFL. Pode ser aquela passagem aérea estranha que aparece no fundo da suposta foto da Estação Penha com um acidente ferroviário. Cheguei até a cogitar ser Penha Circular, mas esse viaduto traria outra visão de análise à foto.

Amaral, não sei se agora estou enganado, pois voltei a trabalhar e minha memória está começando a apagar algumas lembranças ... mas pelo que eu me lembre, todo o terreno hoje pertencente ao IAPI e também ao Matadouro, ao lado, estava vazio na foto aérea de 1928. Não vi nem o estádio do Olaria ... estranho ... agora fiquei desconfiado de que faltou eu ver algum detalhe nessa área.

Sobre este viaduto na Penha, ele era exatamente igual ao existente na estação Deodoro e na estação Realengo. Igualzinho igualzinho ... com as rampas paralelas à estação e a passagem superior perpendicular (e junto) à estação.

Será que não há algum mapa antigo ou planta da SMU que mostre isso ? Eu nunca havia visto isso antes ...

Dado, em 1928, não havia estádio. O campo de treinos já devia ser ali (consta como 1925 a doação do terreno, antes ficava onde hoje é a Paróquia de São Geraldo, junto a EFL, depois da Estação de Olaria) mas o estádio propriamente dito só foi construído no final da década de 40.
Realmente aquela área devia ser quase toda vazia. A concentração de construções devia ser apenas em torno da Estação da EFL, e mesmo assim era muito maior do outro lado, junto à Serra da Misericórdia. Mas no meio de tanto verde, seria difícil uma imagem aérea mostrar com clareza os limites de propriedades. Mas o matadouro estava lá desde o final do Séc. XIX.

Sobre um outro comentário que você fez no outro tópico:

• Folha 65
Como nesta folha havia a descrição de abrangência do litoral da Penha, Ramos etc pedi esta imagem em busca do porto de Maria Angu. Apesar de falar Penha, a imagem mostrava até a Praia de Ramos apenas. O litoral já estava bastante assoreado ou aterrado. Havia 5 píers ou cais, sendo o maior no final da Rua Pirangi. Mas nada de Maria Angu.

Eu tenho convicção que este píer da Rua Pirangi era o Porto de Maria Angu (não confundir com o píer da EFRdO). Isso pq: 1º - as plantas da SMU mostram um píer ali, no mesmo formato do píer da única foto do porto que eu tenho conhecimento, e nenhum outro píer até a atual Av. Lobo Junior (exceto o da EFRdO). E 2º - todos os Caminho (ruas) da época terminava ali, no final da Pirangi. O Caminho de Maria Angu (atual Vergueiro da Cruz) ia até ali e a Rua Pirangi é a extensão da Rua Dr. Alfredo Barcelos (que se chamava Estrada de Maria Angu), que é uma rua muito sinuosa e estreita (por isso deve ser um caminho muito antigo) que sai da Estrada da Penha na altura da Estação de Olaria da EFL e vai até o litoral.

Então eu acho que vc viu, sim, o Porto de Maria Angu.

E todo o assoreamento, segundo o seu relato, provavelmente era o mangue, ainda original. Não era água pura e simples, eram áreas litorâneas naturalmente alagadas. Por isso uma vez disse que o aterro da costa ali não deve ter sido tão grande devido ter sido bastante ajudado por esses manguezais.