Custo de construção de ferrovias do século XIX e conversão para valores atuais

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rodrjgw
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Custo de construção de ferrovias do século XIX e conversão para valores atuais

Mensagem por rodrjgw » 05 Ago 2015, 15:46

Ferrovias do Império: 1854-1889
Extensão e custo quilométrico

http://vfco.brazilia.jor.br/Planos-Ferr ... 1889.shtml

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Apesar de todas as falhas — agrupando linhas de características muito diferentes, em terrenos bem diferenciados, e sem qualquer padronização contábil —, o levantamento evidencia o alto custo quilométrico das primeiras ferrovias estendidas no país por engenheiros estrangeiros (Mauá; Recife e Bahia ao S. Francisco; Santos a Jundiaí; Hamburger-Berg) e por brasileiros em fase de aprendizagem (EF D. Pedro II).

Destacam-se, igualmente, os custos quilométricos das EFs de Palmares a Garanhuns; Central do Pernambuco; Minas e Rio; e Paranaguá-Curitiba.

Em alguns casos, o custo foi elevado pelos fortes desníveis enfrentados em curta distância, como na EF D. Pedro II; na Santos-Jundiaí; e na Paranaguá-Curitiba.

Nas duas primeiras, a preferência pela bitola larga agravou as dificuldades enfrentadas. No caso da EF Santos a Jundiaí, em especial, a solução tecnológica adotada — para encurtar distância — agravou ainda mais o custo quilométrico [agravado].



Fontes

As três primeiras colunas (EF, km, Custo) contêm dados do livro Transportes no Brasil: história e reflexões, Ministério dos Transportes: Geipot / Ed. UFPE, 2001, que por sua vez reproduz dados de Coimbra, Créso. Visão histórica e análise conceitual dos transportes no Brasil. Rio de Janeiro: Centro de Documentação e Publicações do Ministério dos Transportes, 1974. Os custos quilométricos indicados na 4ª coluna foram calculados em planilha. Os totais indicados pela fonte não correspondem às somas de verificação, indicadas na última linha da tabela. A diferença (318,29 km) corresponde à omissão da EF Central da Bahia (316,32 km, cf. Brito), aparentemente por falha de editoração eletrônica na transcrição de 2001.

A 5ª coluna (km) contém dados de Nascimento Brito. Meio século de estradas de ferro. Rio de Janeiro, 1961. Nos casos em que não foi encontrada correspondência segura, os dados foram transcritos na segunda parte da tabela, para exame posterior.

A EF Porto Alegre a Uruguaiana (378,410 km) corresponde aproximadamente à EF Taquari a Cacequi (354,000 km).

As demais diferenças agrupam-se nas áreas do Recife / Olinda e da Leopoldina; além de envolver possíveis divergências de classificação ferrovia / bonde.

Os totais das duas fontes apresentam diferença de aproximadamente 150 km.

O total indicado por Brito (9.587 km) aproxima-se bastante do total indicado pelo antigo Ministério da Viação e Obras Públicas (9.583 km) em levantamentos retrospectivos incluídos nos relatórios de 1911 e 1922.

DÓLAR AMERICANO

MÉDIA ANUAL - 1880 a 1940

( Dólar / Mil-Réis )

http://www.ocaixa.com.br/bancodedados/d ... lmedio.htm

Imagem
A tabela apresenta valores do câmbio médio anual entre mil-réis e o dólar norte-americano (mil-réis / dólar) a partir de 1880. Vamos exemplificar, a unidade monetária brasileira, desde 1833 até 1942 é um múltiplo do real (unidade monetária colonial portuguesa), assim, conforme o câmbio de 1880 de 0,45 dólar / mil-réis teremos 2$222 Rs / US$1,00 (dois mil duzentos e vinte e dois réis / um dólar). Outro exemplo, quantos dólares poderíamos cambiar com 1 conto de réis (um milhão de réis) em 1889?

Quanto era 1 conto de réis? Para quem não se lembra dos pronunciamentos do presidente Getúlio Vargas na Voz do Brasil, a quantia de 1 conto de réis pode mesmo confundir, pois a unidade monetária já era um múltiplo de mil, não havendo os submúltiplos (centavos de mil-réis). Assim:

Padrão Monetário (Mil-Réis) = 1$000 Rs, com submúltiplos (Réis), exemplo: 200 Réis = $200 Rs:

1 conto de réis = 1.000 Mil-Réis ou 1:000$000 Rs (1 milhão de réis), portanto

Câmbio (1889) = US$ 0,54 / 1$000 Rs., ou 1$852 Rs / US$ 1,00

1.000.000 (Réis) / 1.852 (Réis/Dólar) = 539,96 Dólares, ou na notação monetária:

1:000$000 (Rs) / 1$852 (Rs / US$) = US$ 539,96

Consulte nossa tabela com as Alterações da Moeda Nacional
Com essas duas tabelas, a lógica foi simples, converter o custo das ferrovias no século XIX para o dólar da época. Com os valores em dólares americanos o trabalho agora é corrigí-lo para os dias atuais, o que é facilmente obtido neste site:
http://www.davemanuel.com/inflation-calculator.php

Como exemplo, apliquei (arredondado) ao custo por km da Santos - Jundiaí (que acredito que seja a mais próxima dos padrões atuais na lista). O valor encontrado em dólar para 2014 foi de US$ 2,2 milhões por km, valor muito próximo do custo da atual ferrovia Norte x Sul (US$ 2,4 milhões por km em Julho de 2014).

Esses dados servem como parâmetros para compararmos os custos de épocas diversas, tanto construtivos quanto dos projetos e material rodante, com os valores atuais (e com uma boa margem).

Divirtam-se
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Re: Custo de construção de ferrovias do século XIX e conversão para valores atuais

Mensagem por DadoDJ » 07 Ago 2015, 11:23

Boa, Rodrigo !
Show de bola !
;)
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