22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Neste local vamos postar os registros e descobertas feitas durante nossas expedições e durante pesquisas locais. Cada evento ocupará um tópico, com data e local/trecho onde foi realizado.
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DadoDJ
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por DadoDJ » 05 Out 2013, 01:07

No dia 22 de setembro organizamos uma expedição com o intuito de percorrer o trecho da criminosamente erradicada Linha Auxiliar da Central do Brasil, originalmente Estrada de Ferro Melhoramentos, entre as estações de Governador Portela e Arcádia, trecho este localizado no município de Miguel Pereira, região serrana do estado do Rio de Janeiro. Essa expedição seria, e foi, muito especial, pois reuniria alguns "veteranos" de expedições no grupo com novos amigos, além de membros da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF).
Pois bem, embarcamos eu e o fundador da AFPF Luís Octávio de Oliveira no trem da Supervia que saiu da estação D.Pedro II às 7:20 da manhã rumo à estação de Japeri, na Baixada Fluminense. Durante o percurso, nos encontramos com os outros membros do grupo em estações diversas. Mas um dos membros da equipe se atrasou e embarcou no trem seguinte ao nosso, aproximadamente 30 minutos depois. Ao chegarmos em Japeri, desembarcamos e fomos em direção ao ponto de ônibus que subiria a Serra da Viúva e nos deixaria no nosso ponto inicial da caminhada, que seria a estação de Governador Portela. No entanto, devido ao intervalo entre as partidas, decidimos aguardar o membro da equipe que vinha no trem depois do nosso, para subirmos a serra todos juntos. Neste intervalo, alguns membros aproveitaram para comprar mantimentos no comércio de Japeri visando a grande caminhada a vencer. E o tempo foi passando, passando ... até que chegou a hora do ônibus partir e nosso amigo não chegava. Mas equipe que é unida permanece unida ! Pedimos ao motorista do ônibus que aguardasse mais cinco minutos, o que ele gentilmente, mas um pouco contrariado, fez (não mais do que cinco minutos, ele disse). E eis que surge nosso amigo descendo a passarela da estação na maior correria, e conseguimos embarcar no ônibus. Se perdêssemos esse, só após 30 minutos teria outro, o que atrasaria todo nosso cronograma.
Bem, viagem que segue, todos nós encantados com o visual da subida da Serra. Em alguns trechos podemos ver a estação de Ellisson ao longe, da Linha do Centro da EFCB. Em outros trechos, o leito da Linha Auxiliar nos acompanhava em paralelo com a rodovia, que por vezes subia e contornava a serra vertiginosamente (pista de mão dupla praticamente sem acostamento).
A partir de certo ponto, um senhor, ouvindo nossa conversa sobre ferrovias, se interessou e entrou no bate-papo. Era o sr.Clêmio, ex-ferroviário da EF Leopoldina, atuando principalmente na Linha do Litoral. Gravei alguns minutos de conversa com ele, mas infelizmente devido ao ruído dentro do ônibus e principalmente ao tráfego, a conversa ficou com o áudio prejudicado. Mas pretendo editar este vídeo e publica-lo em alguns trechos.
Por fim, ao invés de pararmos em Governador Portela, descemos um pouco antes da estação de Miguel Pereira, a segunda estação após Governador Portela, pois o Auto de Linha que a AFPF mantém no trecho estava operacional e bem próximo de onde descemos. Para mim foi uma satisfação muito grande, pois há vários anos recebia convites para andar no veículo e nunca pude ir ! Embarcamos e seguimos rumo a Miguel Pereira, poucas centenas de metros a frente. Ao chegarmos na estação, que sensação incrível: um pequeno grupo se reuniu nas plataformas da estação, maravilhados com um trem passando por ali ! Muito legal ! As crianças com brilhos nos olhos e os adultos surpresos e saudosos de um trem que não passa por ali desde a década de 1990 provavelmente.
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01. Foto social do grupo: da esquerda para a direita os membros Melekh, Edson Vander (AFPF), Ivan Heringer, Joseandro Kel, Luís Octávio (AFPF), Adail (de chapéu, é o condutor do Auto de Linha), Leonardo Ivo, Luiz Eduardo, um sujeito de verde que apareceu do nada :lol: , Cesar e eu, DadoDJ
Após alguns minutos outro membro do grupo se juntou a nós na estação: o Carlos Alberto ... Souza !
A partir dali foi uma seqüência de fotografias feitas por nós do grupo e também pelos transeuntes ao redor. Apesar do Auto de Linha se encontrar em estado razoável, mas não tanto precário, tornou-se a atração do momento !
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02. O Auto de Linha da AFPF

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03. A estação Professor Miguel Pereira, preservada !

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04. Informações sobre a estação

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05. O Auto de Linha e a plataforma da estação. Notem que os trilhos terminam poucos metros adiante ... ;'(

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06. No sentido oposto, a estação e o Auto de Linha

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07. Uma foto mais abrangente, mostrando à esquerda e em primeiro plano o que antes foram grandes instalações da estação. Tudo foi posto abaixo e após a promessa de construção de um mercado, hoje virou um terreno vazio, utilizado para estacionamento

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08. Uma geral da estação

Após alguns minutos, embarcamos no Auto de Linha e seguimos rumo à Governador Portela, único trecho contínuo de trilhos naquela região. Só que antes mesmo de cruzarmos a primeira PN (Passagem de Nível) da linha, o veículo acabou o combustível ! Fizemos um pequeno rateio e o condutor Adail foi providenciar gasolina, pois curiosamente o veículo funciona com um motor Chevrolet movido a gasolina. Só que o posto de abastecimento ficava meio longe, o que nos custou uns 40 minutos aguardando o Adail retornar.

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09. Notem quem uma das linhas foi obstruída pela prefeitura, que plantou plantas ornamentais no leito

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10. Além disso, a população "se esquece" que a linha pode estar ativa e estaciona veículos sobre os trilhos. Neste caso da foto, as motocicletas estão sobre a linha desativada, ainda bem ...

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11. O Auto de Linha aguardando combustível. Ainda bem que não parou no meio da PN !!!
:P

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12. Luís Octávio aguardando o restabelecimento do tráfego

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13. Enquanto a gasolina não vinha, ele nos brindou com uma aula sobre ferrovias e sobre a história da AFPF

Após o condutor Adail chegar com o combustível, decidi seguir viagem dentro da cabine do veículo, que puxa um vagonete estilo jardineira sem cobertura onde seguiram os demais amigos. As imagens seguintes estão um pouco embaçadas devido ao para-brisa do Auto de Linha.

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14. Um outro veículo pertencente a AFPF aguarda restauração próximo a linha

Curiosamente e devido a desinformação de parte da população e irregularidade do tráfego, um dos membros da nossa expedição ía a frente da composição para sinalizar e bloquear o tráfego de veículos nas PNs, evitando assim possíveis colisões do Auto de Linha com automóveis. A esta tarefa foi incumbido o membro da AFPF Edson Vander. Algumas pessoas estacionam, como mencionado antes, seus veículos sobre a linha ou muito próximos a esta. E foi o que aconteceu em determinado trecho, junto ao conhecido Bar do Djair: havia um carro com reboque parado junto a linha, e o Auto não teve como passar

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15. Carro parado muito próximo aos trilhos

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16. o grupo empenhado em encontrar o dono do veículo para sua retirada

Com esta parada e posterior remoção do veículo, aproveitamos para nos refrescar no Bar do Djair, que possui uma oportuna entrada e área voltada para a linha. E assim brindamos nosso começo de aventura.

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17. Parada para abastecimento ... dos membros do grupo !

Após mais alguns minutos, partimos e chegamos a simples porém simpática estação de Barão de Javary. Antes desta, passamos pela plataforma abandonada conhecida como Parada Prefeitura, mas infelizmente não pude registra-la em foto, mas acho que gravei em vídeo pois estava registrando praticamente todo o percurso feito pelo Auto de Linha.
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18. Estação Barão de Javary (na plataforma, Edson Vander)

Ao chegarmos próximo a Governador Portela e sua desativada fábrica de pontes e instalações ferroviárias, vimos alguns vagões-prancha abandonados, alguns com pontes metálicas sobre eles. À direita, a desolação de uma fábrica inteira abandonada, inclusive com vagões dentro.
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19. Um dos vagões-prancha abandonados

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20. À direita, a desativada fábrica

E mais a frente, vimos se aproximar a estação de Governador Portela, com uma grande caixa d'água e tubulações para abastecimento das antigas "vaporosas".
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21 e 22. Instalações da estação Governador Portela

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23. Estação Governador Portela. Do antigo pátio com diversas linhas, só sobrou uma. Da PN pra cá, apenas trilhos soterrados.

Após tirarmos muitas fotos na estação e arredores, iniciamos nossa caminhada rumo à Arcádia, a aproximadamente 20kms de distância. E vamos que vamos !

[Continua]
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por DadoDJ » 06 Out 2013, 01:12

Continuando, após alguns minutos conhecendo a estação Governador Portela e arredores, como a sede da AFALA (Associação dos Ferroviários Aposentados da Linha Auxiliar), um triângulo de reversão, casas antigas e instalações do pátio da estação, iniciamos nossa caminhada rumo à Arcádia. Teríamos cerca de 19 ou 20 kms pela frente, então não poderíamos perder tempo.
Logo na saída notamos que boa parte dos trilhos sumiram, ou estão aterrados. Centenas de metros à frente apareciam alguns vestígios e pequenos trechos de trilhos à mostra. Uma coisa que notamos é que ainda existem muitos postes telegráficos às margens do antigo leito ferroviário.

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23. Trecho em corte logo após a estação Governador Portela, com trilhos ainda aparentes.

Ao chegarmos próximo do primeiro km de caminhada o leito fica mais estreito, e em algumas partes os trilhos sumiram, provavelmente roubados. A caminhada fica mais com cara de trilha mesmo.

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24 e 25. Trechos do leito sem trilhos

Logo depois, a primeira surpresa: o leito ferroviário está cercado ! Colocaram uma cêrca de arame com uma pequena passagem. Neste trecho ainda há trilhos. Mas o leito ferroviário é patrimônio da União, não pode ser limitado ou bloqueado !

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26. Cêrca de arame limitando a passagem

Aliás, diversas vezes nos deparamos com isso: cêrca e bloqueios limitando a nossa passagem. Infelizmente não tivemos outra alternativa a não ser vencer estas limitações. Entretanto não se caracteriza como uma invasão, pois o leito é da União, é público ! Bem, tudo bem que uma ou outra cerquinha foi cortada com um alicate, mas isso não conta não é mesmo ...
o0 :O =O <o>

Após o primeiro quilômetro a vista deslumbrante da Serra da Viúva e da Serra do Couto começa a se descortinar à direita. O clima do município de Miguel Pereira é realmente ímpar, acho que estou dependente daquele ar, há tempos que não me sentia tão bem ao respirar !

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27. Paisagem serrana, em dois ângulos

Depois de aproximadamente 1:30 de caminhada, com trechos que alternavam leito sem trilhos ou com trilhos e peças da via permanente, cortes grandiosos na rocha, mata relativamente fechada e outros apenas e incrivelmente ainda com brita, começamos a nos aproximar da localidade de Francisco Fragoso, onde existiu uma estação até o final da década de 1990, início dos anos 2000.

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28. Chegando à Francisco Fragoso

Neste trecho, no centro da localidade, os trilhos cortam uma praça, onde existe um pequeno comércio. Paramos para nos abastecer e hidratar. Depois de poucos minutos, voltamos à caminhada e passamos em frente ao local onde ficava a estação de Francisco Fragoso, que foi demolida para a construção de instalações da CEDAE.

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29. Praça em Francisco Fragoso

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30. O grupo se recuperando para continuar a caminhada

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31. Notem que na praça criada sobre o leito ferroviário, não respeitaram nem ao menos a faixa de domínio.

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32. Local onde ficava a estação Francisco Fragoso. À direita da imagem, um trilho ainda resiste ...

Voltamos ao ritmo anterior e percorremos o trecho que me causava mais ansiedade: as proximidades do Viaduto Paulo de Frontin, que segundo os dados, ficava entre as estações de Francisco Fragoso e Vera Cruz.
Continuando a caminhada, passamos por mais algumas residências e logo o cenário voltava a ficar isolado da civilzação, apesar de ter algumas casas em altitude mais baixa ali próximo. Ao passar por uma espécie de pousada, três coisas me chamaram a atenção e de outro expedicionário: uma suntuosa construção do outro lado do vale; um grupo de filhotes de cabritos; e um cão, aparentemente SRD, deitado sobre uma árvore muito ofegante. Nós paramos e o outro expedicionário decidiu ir à suposta pousada perguntar de quem era e porque o cão estava amarrado embaixo da árvore, que já não oferecia sombra àquela hora, umas 15:30. Veio uma moça com uma bacia d'água para oferecer ao cão, já que seu pote estava ressecado de tanto tempo sem água e ao sol. O cão levantou-se rapidamente ao ver a água (coitado, estava mesmo sedento) e assustou a moça. Peguei a bacia da sua mão e despejei no pote do cão, que se saciou. Logo em seguida apareceu um rapaz todo ignorante, que nos respondeu grosseiramente quando perguntamos o motivo do cão estar ali amarrado. Após um certo debate, ele nos disse que ele fugia caso ficasse solto, e por fim, o levou para mais próximo da casa, onde havia vários veranistas, atraídos pelas corredeiras e quedas d'água ali próximo.
Corremos e alcançamos o restante do grupo, felizes com a sensação de dever cumprido.
vv
Ao passarmos em magnífico corte na rocha, paramos para fazer mais um registro do grupo de guerreiros Trilhos do Rio:
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Da esquerda pra direita: DadoDJ (eu), Joseandro "Kel", Ivan Heringer, Carlos Alberto Souza, Luiz Eduardo, Edson Vander, Carlos Alberto Ramos "Melekh", Cesar, Leonardo Ivo. Vejam que linda obra o corte na rocha por onde passava a ferrovia !

Passados uns 40 minutos após passarmos por Francisco Fragoso, pudemos avistar, do outro lado do vale, a estação Vera Cruz !
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Estação Vera Cruz, do outro lado do vale, em zoom 26x

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E aqui, a mesma estação do outro lado do vale, sem o zoom.
Aparentemente, estávamos próximos do contorno da ferrovia no vale, onde fica o Viaduto Paulo de Frontin ... e estávamos mesmo ! Menos de 10 minutos de caminhada e algumas residências e postes telegráficos depois ... eis que surge a maravilha da engenharia ferroviária ! Viaduto Paulo de Frontin, datado de 1897, firme e forte, abandonado às intempéries e vítima do descaso governamental deste bendito país ...
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O viaduto, visto de uma espécie de mirante, um espaço à parte no antigo leito ferroviário

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E aqui, em zoom 26x, a inscrição indicando o ano e nome do viaduto

Ao chegarmos na curva que antecede a gigantesca obra, vimos que havia um acesso alternativo à estrada de rodagem que passa sob o viaduto. Resolvi descer para fazer algumas fotos por baixo:

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O viaduto Paulo de Frontin, visto de outro ângulo

Tentei fazer uma imagem panorâmica, mas não deu muito certo, precisará passar por ajustes no Photoshop. Ao ver o mau resultado da montagem, olhei pra cima e visualizei o Ivan Heringer e o Joseandro "Kel" passando sobre o viaduto. Vejam como é alto, comparando as duas imagens abaixo !

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Zoom 26x

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Sem zoom !
:O :O :O
Consta que o viaduto tenha em torno de 30 metros de altura, equivalente a um prédio de 9 ou 10 andares ! ! !
Aí começou a vir na minha cabeça algo que foi recomendado pelo membro do fórum Christoffer, que era "Cuidado com a ponte, cuidado com a ponte, cuidado com a ponte" ... ele já havia passado por ali alguns anos atrás e recomendou muita cautela para evitar acidentes, que naquelas circunstância, teriam muitas chances de serem fatais.
Quando me dei conta, quase todos já haviam passado pelo viaduto. E eu fiquei pra trás ... com um detalhe terrível: sofro de ACROFOBIA, ou seja, medo de lugares altos ! =O =O =O
Subi rapidamente, e quase sem fôlego, me aproximei do viaduto.

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Após a subida, a travessia ... hmy

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Ao me aproximar, vi que o Luiz Eduardo ainda não havia feito a travessia. Me aproximei e resolvi ir próximo a ele. Não que eu fôsse me agarrar a ele, mas talvez eu ficasse mais tranqüilo (ou mais envergonhado ?)
:ttn:

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Me aproximando da cabeceira ... hmy

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Um detalhe da cabeceira ... :HH:

E lá vamos nós ! ! !
ptz hmy :WK: =O :O o0

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Na beira do viaduto, fiz esta última fotografia antes da travessia. Nela está o Luiz Eduardo, cauteloso, mas fazendo fotografias no meio do viaduto !
Dali pra frente, me lembro mal do que houve, pois segundo todos disseram, eu estava "em transe". Me lembro que resolvi filmar a travessia, mas ao mesmo tempo que não podia olhar pra câmera, pra conferir as imagens, não podia olhar pra baixo totalmente, pois fatalmente eu ficaria tonto e poderia cair, pois a travessia é feita pelos dormentes ! ! ! Mas ao mesmo tempo eu tinha que olhar discretamente pra baixo, para pisar nos lugares certos. Me lembro que muitos do outro lado da travessia me gritavam "Dado, para de filmar ! Dado, para de filmar !"]
:ttn:
Apesar do lado direito possuir placas de concreto, muitas delas estavam soltas, uma verdadeira armadilha ! E mesmo indo pela estrutura metálica, com certeza mais segura e resistente, ela era muito estreita, devia ter no máximo uns 20 ou 30 cms de largura, não dava pra se equilibrar o tempo todo.
Pois bem, eu me lembro que pensei em não passar por cima (há um caminho alternativo por baixo, alguns kms após há uma ponte sobre o Rio Santana), mas foi rápido, quando vi já estava atravessando os dormentes, rapidamente, um a um. Quando havia pisado no quinto ou sexto dormente, já não sentia meus pés e pernas, parecia flutuar, peso zero ! E começou a ventar ! ! ! ##o## Como comecei a travessia rápido, alcancei o Luiz Eduardo rapidamente. Fiquei desesperado pois não tinha como ultrapassa-lo, seria arriscado pisarmos os dois no mesmo dormente. Mas o pior ainda estava por vir ...
ptz ptz ptz
No meio do viaduto, indo pelo meio como fizemos, há dormentes faltando ! ! !
##o## ##o## ##o##
Primeiramente, um dormente faltando. Tudo bem, esticando um pouco a perna, dava pra passar. O Luiz Eduardo pulo primeiro e eu fui logo atrás, quase no seu calcanhar ... :lol: mais alguns dormentes à frente e ... novamente um intervalo, faltando um dormente. Mas como tudo que tá ruim pode piorar, logo depois, havia um espaço grande, faltando dois dormentes ! Um espaço gigante, onde qualquer um poderia passar ali e mergulhar para as páginas de acidentes ferroviários ...
O Luiz Eduardo, aparentemente calmo <_< resolveu se equilibrar e tomou um caminho alternativo à direita, se equilibrando na estrutura metálica. Pra mim foram três momentos cruciais:
1-Ver ele atravessar pela estrutura e eu ficar sozinho;
2-Eu olhar para a largura da estrutura por onde ele passou e todo o vazio em volta dela;
3-E olhar para o espaço enorme onde faltava os dormentes !
<|-|>
Nem pensei, o desespero tomou conta !!! Troquei a câmera de mão, tomei impulso e ... pulei o espaço dos dormentes !
=O
Consegui ! E a partir dali fui disparado, pulando os dormentes, novamente como se estivesse flutuando. Acho que naquele passo eu conseguiria andar até sobre as águas ...
:lol:
Infelizmente, quando mudei a câmera de mão, a direcionei pra cima ! Perdi boa parte da filmagem naquele momento, só voltando a si após alguns momentos.
Até que uma voz ao fundo me chamava a atenção mas eu não conseguia compreender ...

Dado, dormente podre ...
Dado, dormente podre ...
DADO, DORMENTE PODRE !


Parei !
Era a voz do Joseandro, que estava do lado esquerdo, me alertando da existência de dormentes não confiáveis à frente. Parei na hora, eu já ía pisar em um deles ! Ele me estendeu o braço, e consegui me equilibrar pela estrutura metálica, buscando um outro caminho, pisando sobre os trilhos, semprer auxiliado pelo "Kel". Assim consegui alcançar o outro lado, sendo aplaudido por todos que me aguardavam. O Luiz Eduardo já havia passado por uma experiência semelhante, ao atravessar as colossais pontes na ligação Saracuruna - Visconde de Itaboraí, mas ele disse que esta foi uma experiência única, sem palavras ... Pretendo colocar o vídeo que fiz durante a travessia aqui neste tópico, em breve, após algumas edições.
okk
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Compare a imagem acima com a de baixo, da década de 1980
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^^ O poste do lado de cá do viaduto ainda existe !

Após recuperar o fôlego (eu havia tido uma certa indisposição horas atrás, mas após esta travessia tava "novinho em folha" !) continuamos nossa caminhada. Logo após o viaduto, um trecho de mato alto e ... novamente uma cêrca bloqueando nosso caminho ! Nada que um alicate não resolvesse ...
:P

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^^ Nada pode nos parar !

Logo após este obstáculo, atravessamos um milharal ! Curiosamente, no meio do milharal, uma placa indicando a presença do viaduto resiste ao tempo. Esta placa deve ter pelo menos uns 30 anos !

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^^ Placa indicando a proximidade do viaduto aos trens que subiam a serra.

Estávamos chegando a Vera Cruz. Os trilhos novamente voltaram a aparecer, a maioria "dentro" de propriedades (na verdade as casas é que foram construídas no leito ferroviário) e em outro terreno, um trilho foi utilizado como ... trilho ! Só que para o portão da garagem ... :sn:
Uma antiga caixa d'água denuncia a proximidade da estação Vera Cruz. Abaixo podemos ver a caixa d'água e a estação ao fundo, descaracterizada:
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^^ A caixa d'água e a estação Vera Cruz ao fundo.

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^^ A estação Vera Cruz

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^^ Vários "puxadinhos" foram feito na estação original !

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^^ Estação Vera Cruz

Tentamos contornar a estação, mas havia alguns indivíduos estranhos, o que nos fez abortar uma abordagem pessoal e mais detalhada da estação. Voltamos à caminhada, agora na reta final, mas nem por isso de menor distância e dificuldade. Em diversos trechos do antigo leito, os trilhos encontram-se isolados dentro de "propriedades" ou obstruídos por casas !

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^^ Trilhos dentro do terreno, isolados por uma cêrca

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^^ Trecho do leito escavado para a construção de uma casa !
brb

Mais alguns quilômetros e cortes na rocha depois, a altitude vai diminuindo e começamos a visualizar ao nosso lado direito as lindas águas do Rio Santana. Este rio vai nos acompanhar e nos agraciar com sua beleza até o final da nossa caminhada.

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^^ Rio Santana

Em determinado trecho, ouve-se um ruído alto, eu pensei ser trovoada ou alguma explosão. Mas era uma majestosa queda d'água !
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A beleza do vale do Rio Santana é espetacular ! Como que não tem um trem circulando nesta região mais ???
wll
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40 minutos após passarmos pela estação de Vera Cruz, chegamos ao que restou da estação Monte Líbano: apenas sua plataforma, encoberta de mato.

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^^ Imagens da plataforma da estação Monte Líbano.

Poucos metros após a estação Monte Líbano, cruzamos a Ponte de mesmo nome. Aliás, uma pessoa menos desavisada poderia aqui pegar o caminho errado, pois após a ponte há um desnível que em um primeiro momento parece não ser de um antigo leito ferroviário. O caminho à esquerda, antes da ponte, parece mais o leito, mas logo depois ele sobe vertiginosamente, rumo a um lago que fica no topo da Serra do Couto. Passamos sobre a ponte e seguimos em frente.
Este trecho é com certeza um dos mais lindos da antiga ferrovia, e com certeza é o mais belo que eu já percorri ! O antigo leito ferroviário, a cada curva, descortina uma paisagem deslumbrante, inesquecível e incrivelmente bela, mostrando um entardecer de tirar o fôlego. Para completar, o leito por si só já mostra sua beleza própria também ...

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^^ Mais um magnífico corte na rocha, dentre vários outros !

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^^ Em determinado trecho, logo após outro corte, vi que havia uma mini estrutura em cimento, projetada em direção ao vale. Uma espécie de mirante ! Alcancei o final desta estrutura e ... que visão espetacular !
Logo após fiz esta outra imagem abaixo. Fui muito feliz ao fazer esta foto, eu a vejo e posso sentir o ar puro da serra ! Dizem que Miguel Pereira possui o terceiro melhor clima do mundo, e quem sou para dizer o contrário ! Eu senti ! E a imagem virou o papel de parede do meu computador ...

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^^ Na imagem, Luiz Eduardo, Edson Vander e Cesar, descendo a serra. Já era quase 18kms percorridos, mas a sensação era que nada poderia nos parar ! Ninguém ficou cansado !

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^^ A bela imagem também é a imagem da desolação: um trilho enferrujado é a única testemunha usual do belo local

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^^ O trem tem que voltar ! ! ! Não é possível um negócio desses !

Mais alguns minutos e acabei ficando um pouco para trás, em relação ao restante do grupo. Em uma curva para a direita, algo me chamoun a atenção: uma estrutura de concreto, sob a mata densa e lotada de carrapatos ! Segundo registros feitos pelo Carlos Latuff, ali teria sido a estação Monte Sinai, antiga Engenheiro Adel.

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^^ Segundo Carlos Latuff, que percorreu o trecho, e Nelson Mendonça, que fez a imagem abaixo, ali teria sido a estação Monte Sinai, antiga Engenheiro Adel ... só que não !

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^^ Suposta estação Monte Sinai, fotografada por Nelson Mendonça em 2007

Uma surpresa foi reservada nós. Após eu fazer os dois registros acima, chegamos a um trecho inesperado: a mata se fecha, mas se fecha tanto, que em determinados trechos tivemos que passar agachados ou engatinhando. E já era quase 17:30, estava anoitecendo !

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^^ Trecho de mata fechada à frente !

Ficamos bem apreensivos, pois ainda faltava mais ou menos uns 5kms para alcançar a estação de Arcádia, nosso destino final. Mas àquela hora, estaríamos condenados a ficar presos na mata, devido à escuridão. Felizmente, tínhamos lanternas a disposição. E continuamos pela mata ...

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^^ Trecho de mata fechada

Até que chegamos a um trecho obstruído por grandes pedras. Com certeza esse foi um dos "motivos" que fizeram o trem parar de circular no trecho, quando na verdade o que falou foi boa vontade política e um esquema mafioso que prefiro não entrar em detalhes aqui ...
wll
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^^ Trecho obstruído por pedras

Seguimos em frente. A situação estava cada vez ficando mais crítica, devido ao anoitecer e à mata que continuava fechada e de dificil acesso !

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^^ A mata continuava fechada ! Risco de cobras e outros animais, que poderiam se assustar graças à medida tomada pelo Edson, que era bater com um pedaço de madeira pelo caminho, ajudando também a abrir caminho na mata.

Até que tivemos uma surpresa ! Uma caixa d'água ! Será que havia alguma estação próximo, pois normalmente é uma regra ter uma caixa d'água junto a uma estação ... então:

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^^ Caixa d'água perdida no meio da mata

Encontramos uma plataforma !
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^^ Sendo assim, esta era a Parada Engenheiro Adel, antiga Monte Sinai ! A quilometragem batia certinho, e a posição nos mapas e nas imagens de satélite também ! Então, o que teria sido a estrutura que vi lá em cima, fotografada também por Nelson Mendonça em 2007 ? Um posto telegráfico ? Um posto de observação ? Uma obra de contenção (improvável) ?

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^^ Poste telegráfico, antes do leito obstruído.
Continuamos, e logo após este poste da imagem abaixo, tivemos uma surpresa desagradável: o leito sumiu ! Um deslizamento deve ter arrasado o leito, impossibilitando nossa caminhada. Decidimos descer em direção ao Rio Santana, onde havia uma ponte que atendia um sítio. Assim alcançamos o outro lado do rio.

Vejam abaixo, na imagem panorâmica, de onde viemos: a linha passa lá em cima, no meio do morro.

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Tivemos que continuar do outro lado do Rio Santana, por uma estrada de terra batida. Ao longe, pudemos avistar algumas curiosidades no antigo leito, como uma grande ponte metálica, vista abaixo em zoom 26x:

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^^ Esta ponte pode ser vista atentamente na imagem panorâmica mais acima.

O dia estava escurecendo, e tentamos apertar o passo. Estávamos no caminho certo, mas não sabíamos em quanto tempo chegaríamos em Arcádia. A estrada serpenteava a encosta, subindo e descendo, se aproximando e se distanciando do Rio Santana. O antigo leito, do outro lado da Rio e no meio do morro, tornava-se cada vez mais tênue à distância. A noite estava chegando e nada funcionava no local: celular e até o GPS não conseguia sinal ! Pelo caminho, algumas poucas residências, umas inclusive abandonadas, como a vista abaixo:

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E nada de chegarmos em Arcádia !

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Ao passarmos por uma fundação que eu não me lembro o nome, perguntamos a uma pessoa se faltava muito chegar, e ele nos deu um tempo aproximado de 10 minutos. Que bom, já estava praticamente de noite. Antes de chegarmos, fizemos mais duas fotos, pois minha câmera teve a bateria zerada logo em seguida:

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^^ A última foto do grupo reunido. Eu nem montei o tripé, para não perder tempo, por isso não apareci na foto ...
:P

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^^ A última foto. Logo depois acabou a bateria da câmera. Após chegarmos a Arcádia nem fomos fotografar a estação, pois ficamos preocupados com o horário do ônibus. Alguns de nós fizemos um rápido lanche e logo depois, uns 10 minutos, chegou o ônibus, que nos levou de volta a Japeri.
Fim de aventura, uma aventura histórica e inesquecível !
:Y:
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Adenilson
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por Adenilson » 08 Out 2013, 11:32

Vocês agora me trouxeram grandes lembranças do local. Durante uns 2 ou 3 anos a partir de 1979, na minha tenra infância, frequentei Miguel Pereira e me lembro de ter feito um passeio de trem, mas acho que foi quando eu voltei depois de 10 anos após a primeira vez.
Deve ter sido pelos idos de 1989.
Embarcamos no trem e o mesmo não percorreu muitas estações. Não me lembro se o passeio ia até Conrado. Me lembro que época me preocupei mais com o visual do que com as estações, mas me lembro das estações que ficavam para o outro lado de Miguel Pereira como Arcozelo por exemplo.

Mas acho que estive ali quando pequeno e não no mesmo passeio.

A propósito, a maioria de vocês estava de calça comprida e bem protegidos. Como conseguiram "pegar" carrapatos. Vocês já melhoraram?

Parabéns ao grupo.

ivanheringer
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por ivanheringer » 19 Out 2013, 22:21

Revirando as coisas na casa da minha sogra, olhe o que eu achei...
Você não está autorizado a ver ou baixar esse anexo.

arlos Carlos de Oliveira
Usuário ativo
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Registrado em: 06 Out 2013, 12:35

Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por arlos Carlos de Oliveira » 22 Out 2013, 06:55

Percorri este trecho em 1952. Guardo na lembrança bem a passagem pelo viaduto. Sei que houve um desastre (queda do viaduto ?) por volta de 1953 ou 1954. Vou procurar nos jornais da época e darei mais detalhes.
No entanto o que sobrou na memória foi aquele passeio que ainda guardo as sensações da máquina à vapor. Ainda não havia a locomotiva diesel-elétrica; esta só fui vê-la em 1981, quando lá estive indo de automóvel. Imagine, dirigindo, só via alguma coisa quando parava para apreciar a paisagem.
Vou pesquisar então na Biblioteca Nacional os jornais da época.

Melekh
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por Melekh » 22 Out 2013, 10:28

Dado e companheiros,

Foi uma das expedições que eu posso disser que ficou na minha memória, ainda mais com a presença de tanta gente boa.
Temos que fazer o restante da Linha Auxiliar, pois se esse pequeno trecho foi inesquecível, imagine o restante.
Ainda falta bastante e acho que fizemos quase nada da Linha Auxiliar, vou ser claro, de que adianta curtir apenas uma parte se podemos ter acesso do todo?

Vamos ver isso o mais breve.

Abraços a todos.

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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por DadoDJ » 22 Out 2013, 21:08

Temos uma boa notícia !
Vejam o seguinte link aqui do fórum:

Prefeitura de Miguel Pereira será responsável pela ferrovia na cidade !

Voltando ao assunto da expedição, Adenilson, não sei como peguei tantos carrapatos. Eu sofri mais, cheguei a encontrar 42 no meu corpo, mas o fato de ter usado roupas compridas não parece mas pode ter ajudado, pois encontrei-os na maior parte nos braços, axilas, tornozelos e costas (ombro e cintura). Nenhum deles resolveu se tornar muito íntimo de mim, felizmente.
=O
Mas usei produtos anti-carrapatos que normalmente usa-se em cães para ajudar a encontra-los e retira-los (trabalhar em pet-shop torna-se útil, afinal !)
:lol:

Encontrei algumas imagens que me retornam à mente os momentos de puro êxtase e temor que tive durante a travessia do viaduto Paulo de Frontin. Todas imagens foram feitas pelo amigo Hugo Marins, durante uma caminhada feita por ele em fevereiro de 2013. Não falarei nada, as imagens dizem tudo !
:P

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Maiores detalhes, e mais imagens desta fantástica aventura no link abaixo:
Ensaios ferroviários: Viaduto Paulo de Frontin - Vera Cruz - Miguel Pereira - RJ
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por DadoDJ » 24 Out 2013, 08:45

Ah, esqueci !
Voltando ao lance dos carrapatos, acho que peguei esta quantidade grande no local onde localizei a estrutura que, até onde sabíamos, era a estação Monte Sinai (Engenheiro Adel). São aquelas ruínas que aparecem nas fotos do site "Estações Ferroviárias". Eu fui o único que entrei no local, pulei a cêrca e me enfiei no meio do mato.
=O
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por DadoDJ » 27 Out 2013, 18:13

Pessoal, atendendo a insistentes pedidos :D , estou publicando abaixo o vídeo que fiz durante a travessia do Viaduto Paulo de Frontin na nossa expedição entre Miguel Pereira e Governador Portela.
ATENÇÃO ! Não fiz nenhuma edição no vídeo, por falta de tempo. Minha intenção era juntar todas as imagens que fiz e editar para produzir um super vídeo, de uns 25 minutos. Mas estou com um tempo muito escasso, por isso apenas converti o vídeo original e fiz upload para o servidor. Portanto, como não fiz edições, contém palavrões e cenas fortes !
:lol:
Pede-se discrição ao telespectador.
;)
phpBB [video]


Ai ai ai ... vou pagar mico em rede mundial !
=O
Repito abaixo a descrição que fiz do que ocorreu durante a travessia, para um melhor entendimento da situação.
Se quiserem rir, podem rir. Se quiserem zoar, podem zoar. Mas faça o favor de ir lá na próxima expedição, então !
;)

(...) o Luiz Eduardo, cauteloso, mas fazendo fotografias no meio do viaduto !
Dali pra frente, me lembro assustado do que houve, pois segundo todos disseram, eu estava "em transe". Me lembro que resolvi filmar a travessia, mas ao mesmo tempo que não podia olhar pra câmera, pra conferir as imagens, não podia olhar pra baixo totalmente, pois fatalmente eu ficaria tonto e poderia cair, pois a travessia é feita pelos dormentes ! ! ! Mas ao mesmo tempo eu tinha que olhar discretamente pra baixo, para pisar nos lugares certos. Me lembro que muitos do outro lado da travessia me gritavam "Dado, para de filmar ! Dado, para de filmar !"
:ttn:
Apesar do lado direito possuir placas de concreto, muitas delas estavam soltas, uma verdadeira armadilha ! E mesmo indo pela estrutura metálica, com certeza mais segura e resistente, ela era muito estreita, devia ter no máximo uns 20 ou 30 cms de largura, não dava pra se equilibrar o tempo todo.
Pois bem, eu me lembro que pensei em não passar por cima (há um caminho alternativo por baixo, alguns kms após há uma ponte sobre o Rio Santana), mas foi rápido, quando vi já estava atravessando os dormentes, rapidamente, um a um. Quando havia pisado no quinto ou sexto dormente, já não sentia meus pés e pernas, parecia flutuar, peso zero ! E começou a ventar ! ! ! ##o## Como comecei a travessia rápido, alcancei o Luiz Eduardo rapidamente. Fiquei desesperado pois não tinha como ultrapassa-lo, seria arriscado pisarmos os dois no mesmo dormente. Mas o pior ainda estava por vir ...
ptz ptz ptz
No meio do viaduto, indo pelo meio como fizemos, há dormentes faltando ! ! !
##o## ##o## ##o##
Primeiramente, um dormente faltando. Tudo bem, esticando um pouco a perna, dava pra passar. O Luiz Eduardo pulo primeiro e eu fui logo atrás, quase no seu calcanhar ... :lol: mais alguns dormentes à frente e ... novamente um intervalo, faltando um dormente. Mas como tudo que tá ruim pode piorar, logo depois, havia um espaço grande, faltando dois dormentes ! Um espaço gigante, onde qualquer um poderia passar ali e mergulhar para as páginas de acidentes ferroviários ...
O Luiz Eduardo, aparentemente calmo <_< resolveu se equilibrar e tomou um caminho alternativo à direita, se equilibrando na estrutura metálica. Pra mim foram três momentos cruciais:
1-Ver ele atravessar pela estrutura e eu ficar sozinho;
2-Eu olhar para a largura da estrutura por onde ele passou e todo o vazio em volta dela;
3-E olhar para o espaço enorme onde faltava os dormentes !
<|-|>
Nem pensei, o desespero tomou conta !!! Troquei a câmera de mão, tomei impulso e ... pulei o espaço dos dormentes !
=O
Consegui ! E a partir dali fui disparado, pulando os dormentes, novamente como se estivesse flutuando. Acho que naquele passo eu conseguiria andar até sobre as águas ...
:lol:
Infelizmente, quando mudei a câmera de mão, a direcionei pra cima ! Perdi boa parte da filmagem naquele momento, só voltando a si após alguns momentos.
Até que uma voz ao fundo me chamava a atenção mas eu não conseguia compreender ...

Dado, dormente podre ...
Dado, dormente podre ...
DADO, DORMENTE PODRE !

Parei !
Era a voz do Joseandro, que estava do lado esquerdo, me alertando da existência de dormentes não confiáveis à frente. Parei na hora, eu já ía pisar em um deles ! Ele me estendeu o braço, e consegui me equilibrar pela estrutura metálica, buscando um outro caminho, pisando sobre os trilhos, sempre auxiliado pelo "Kel". Assim consegui alcançar o outro lado, sendo aplaudido por todos que me aguardavam.


Abaixo posto uma imagem que tenho que publicar e ressaltar. Além disso, agradecer. Primeiro ao amigão Carlos Alberto Souza, que fez o registro. E em segundo lugar, agradecer ao Joseandro, o "Kel". Vejam na imagem abaixo que ele ficou esperando os últimos a passar (eu e o Luiz Eduardo) para alertar da existência de dormentes não confiáveis no caminho. Se não fosse por ele, com certeza eu teria pisado em um deles e poderia ter caído do viaduto ! Então fica aqui meus mais sinceros agradecimentos ao "Kel". Valeu mesmo, parceiro !

Imagem
^^ Na foto, Joseandro "Kel" (à direita), e atravessando o viaduto: Luiz Eduardo (camisa escura) e eu (de camisa clara, ao fundo).
=O
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Re: 22/09/2013 - Miguel Pereira-Arcádia

Mensagem por DadoDJ » 27 Out 2013, 20:51

Obs.: o vídeo acima está em formato Mp4. Algumas pessoas podem ter dificuldade de assistir devido aos CODECs instalados em seus computadores e sistemas. Caso haja dificuldade, clique aqui neste link para baixar o vídeo e tentar assistir em seu computador (171mb)
Se mesmo assim alguém tiver problemas em assistir às imagens, postarei o mesmo no Youtube brevemente.
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